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20 de agosto de 2010

Extras


MAPAS



LENDAS

O CASTELO DE PONFERRADA

O Castelo de Ponferrada é um dos maiores símbolos do Caminho. Por sua posição estratégica, Ponferrada logo mostrou a necessidade da existência de um poderoso castelo para controlar a passagem e a guarda de possíveis assaltos.
A grandiosa obra foi construída em um local proeminente, às margens do rio Sil, nos finais do século XII e XIII por iniciativa dos monges-soldados da Ordem dos Templários, sofreu reformas no século XIV e posteriormente em 1924, fazendo deste lugar uma de suas mais importante base da Espanha. Encontra-se muito bem conservado.
Originalmente foi uma cidadela romana em cujas ruínas os Templários aproveitaram para erigir a fortaleza que protege a cidade. Notamos que naquele tempo os romanos já visavam àquele local como um ponto privilegiado e estratégico.
Foi habitado pelos Templários desde 1178 até a dissolução da Ordem em 1312. Todo ele é um criptograma em pedra repleto de signos, símbolos e vinculações astronómicas que fazem o delírio de muitos amantes dos Templários e dos seus ritos de iniciação.

PONTE DE ÓRBIGO - "PASO HONROSO"

Entre os pueblos de Puente de Órbigo e Hospital de Órbigo, sobre o rio Órbigo, existe a “Puente de Orbigo”. É uma das mais famosas ponte do Caminho tanto por sua qualidade arquitectónica, como pela sua história, foi um local onde aconteceram várias batalhas entre os suevos e visigodos (452), passando pelo confronto das tropas cordovesas com as de Afonso III, “el Magno”, (900) e pela sua fama quando surgiram no caminho os costumes cortesãos do Renascimento.
Conta o notório Pêro Rodrigues de Lena, ter presenciado “in situ” a disputa protagonizada por Don Suero Quiñones, que mais tarde entraria na literatura como “Paso Honroso”, constituía no desafio lançado por aquele guerreiro a todo aquele que com ele quisesse disputar a ponte.
Conta à história que no Ano Santo de 1434, Don Suero Quiñones declarou o seu amor a uma dama. Ele era um cavaleiro de León, rico, valoroso e de muitas virtudes, mas, a despeito disso, a dama o recusou. Para ele foi uma derrota difícil de ser aceita, chateado Don Suero mandou espalhar aos quatro ventos a notícia de que não iria permitir que nenhum cavaleiro peregrino passasse pela ponte sem que o mesmo participasse de uma justa contra ele, jurou quebrar trezentas lanças o que significava, derrotar trezentos cavaleiros.
O espectáculo durou um mês inteiro, de 10 de Julho a 9 de Agosto, o Leonês derrotou cavalheiros franceses, italianos, alemães, portugueses e espanhóis, no fim do qual vencedor e vencidos de diversas nacionalidades, tornaram-se defensores dos peregrinos e juntos encaminharam-se para Compostela para darem graças ao Apóstolo e oferecer ao Santo uma gargantilha de ouro, que ainda pode ser vista no busto relicário de Santiago Alfeo, na capela das Relíquias da Catedral de Santiago, e que leva a seguinte inscrição:
“Si a vous ne playst avoyr mesura, certes ie di que ie suy sans ventura”.
Uma outra versão da história diz que Dom Suero de Quiñones com a autorização do rei Don Juan II de Castela, acompanhado com dez cavaleiros, postaram-se sobre a ponte para desafiar aqueles que por ela desejassem passar. Don Suero, apaixonado por uma dama e querendo mostrar seu valor e a força de seu amor, colocou um colar de ferro ao redor de seu pescoço, e afirmou ao rei antes de partir. “É justo e razoável que prisioneiros e pessoas privadas de seu livre poder desejem a liberdade. E, como sou seu vassalo e estou na prisão de uma senhora há longo tempo, em sinal da qual trago em meu pescoço este ferro, estabeleci como meu resgate trezentas lanças rompidas por mim e por estes cavaleiros”.
Lutaram durante trinta dias e derrotaram trezentos cavaleiros, obrigando a cada um deles a reconhecer a superioridade de sua amada. Cumprida a façanha, libertou-se enfim dos grilhões de ferro, e cavalgaram todos a Compostela. Chegando a Santiago, ofereceram ao Apóstolo um cinturão de ouro, que lá se encontra até hoje.
O episódio tornou-se tão famoso que é citado com admiração até por Don Quixote, na obra de Miguel de Cervantes.
Nota-se no dois relatos uma divergência quanto à oferta ao Apóstolo.
Máqui no seu livro “Guia do Peregrino do Caminho de Santiago”, relata o acontecimento de uma maneira poética, quando, em seu pensamento, relata através de uma ficção o oitavo combate do dia, entre Don Suero Quiñones e um outro cavaleiro desafiante.
Após a dissolução da Ordem, Alfonso XI, por doação, passou em 1340 o seu domínio aos condes de Lemos que ficou com o seu domínio durante sete anos, retornando em seguida para as mãos dos Cavalheiros do Templo. A sua entrada principal é adornada de duas pequenas torres que para poder ter acesso, é necessário transpor uma ponte que antigamente era de madeira e levadiça;
A região de El Bierzo deve ter tido para os Templários uma grande importância, pois além de estar na via Telúrica por onde passa o Caminho de Santiago, permitindo a protecção aos peregrinos, os Templários deveriam ver aquela região por outros motivos, pois deixou muitas recordações na sua passagem, seguramente não foi só pela abundância da pesca nos seus rios, tão necessária para a sua alimentação e pelas riquezas de suas jazidas minerais, principalmente o ferro tão necessário para a fabricação de suas armas, e o ouro. Sabe-se que os Templários exploraram em muitas ocasiões as jazidas de ouro que haviam sido trabalhadas pelos romanos. Mas apesar de tudo, acreditamos que a região de El Bierzo teve uma importância para os Templários por outras razões.
É lógico pensar, que o importante para eles não foi só a construção do Castelo de Ponferrada, pois, pelas dimensões que lhe deram e pela grande quantidade de sinais que o rodeiam, segundo esse raciocínio, podemos perguntar:
- O que guardavam nele?
- Para o trabalho que exercia no local não poderiam construir um com outras dimensões, diremos menores?
- Porque construíram em Ponferrada um com aquelas dimensões? Era só por motivos estratégicos e a sua proximidade com as minas de ouro, “La Médula” exploradas pelos romanos?
Não conseguimos levantar dados de ter os Templários construído uma outra fortaleza com mais de 10.000 metros quadrados como esta. Fulcanelli informa em suas “Moradas Filosofales”: “El Santo Graal estaba custodiado por doce Templarios, estes doce custodios recuerdan los signos del Zodiaco”.
Segundo alguns historiadores, acredita-se que a Ordem resgatou dos subterrâneos das ruínas do Templo de Jerusalém, a “Arca da Aliança” e que depois desta missão reuniram-se no Concílio Ecuménico de Troyes em 1128 para fundar oficialmente a Ordem, perguntamos: Onde guardaram a Arca?

O MILAGRE DO SANTO GRAAL NO CEBREIRO

Não podemos deixar de aqui nos referirmos ao “Cebreiro”, é um dos lugares emblemáticos do Caminho de Santiago, está situado a mais de 1293m de altitude e tem sido um dos pontos que vem prestando assistência aos peregrinos desde de tempos remotos.  Documentos históricos informam que Afonso VI, em 1072, confiou a direcção do Mosteiro existente naquela época, aos monges franceses da Abadia de San Giraldo d`Aurillac, que posteriormente passou às mãos dos Beneditinos.
No Cebreiro, além das “pallozas”, se destaca um simples e primitivo templo de “Santa María la Real”, resto do Mosteiro, de característica pré-românica. No dia oito de Setembro comemora-se o famoso “Milagro del Cebreiro”. Naquele local quando chega o inverno, a neve faz desaparecer o Caminho e um manto branco confunde o pueblo com as colinas brancas que o rodeia.
Conta à lenda, que em um dia de muita neve e tormenta, um camponês do pequeno pueblo de Barxamayor, subiu com grande sacrifício e perigo devido ao forte temporal que caía, até o alto do Cebreiro para orar a Santa Missa. Um monge leva a cabo a celebração da missa, no entanto fazendo-a com pouca fé, alem disso, depreciando o sacrifício do camponês única pessoa presente. No instante da Consagração, murmura:
“! A qué vendrá éste, con semejante tempestad, si sólo se trata de ver un pedazo de pan y un poco de vino!”, nesse estante a hóstia e o vinho se converteram em Carne e Sangue visíveis a ambos, que permaneceu durante muito tempo sobre o altar. Os peregrinos divulgaram este milagre por toda a Europa. Os anónimos protagonistas desse milagre, o camponês devoto de Barxamayor e o incrédulo celebrante estão enterrados na mesma Capela dos Milagres.
Actualmente ainda se conserva naquele local o cálice do milagre uma jóia românica do século XII, junto com o relicário que, em 1486, os Reis Católicos doaram quando lá chegaram para contemplar o milagre.
A tradição relaciona também o cálice com o Santo Graal das lendas medievais, se trata do último copo da Última Ceia, recolhido por José de Arimatéa e insistentemente procurado pelos cavaleiros da Távola Redonda encabeçados pelo rei Artur. Neste cálice, José de Arimatea recolheu o sangue de Cristo na Cruz. A lenda informa que o famoso cálice “se encontra em uma inacessível montanha a oeste da Espanha gótica”. Desde o século XV, o símbolo do Santo Graal aparece no escudo da Galiza. O Graal representa o símbolo da pureza moral e da fé triunfante dos heróis cavaleiros e a caridade a serviço dos mais altos ideais do cristianismo.

Caminhos existentes

De um modo geral os caminhos encontram-se sinalizados por setas de cor amarela, no chão, muros, pedras, postes, árvores, estradas, marcos de granito ou cimento, e outros. Como regra, passam sempre em frente à igreja mais importante da cidade.
Entre as várias rotas, delineadas desde a Idade Média, destacam-se:
  • Caminho Francês - a partir de Saint-Jean-Pied-de-Port, entra na Espanha por Roncesvalles, no sopé dos Pirenéus, e de lá segue por cerca de 800 quilómetros até Compostela. A este liga-se o Caminho Aragonês ("Tramo Aragonés") com saída em Somport, com cerca de 980 quilómetros.
  • Caminho da Prata ("Via de la Plata") - com saída em Sevilha (Espanha), passando por Chaves e Ourense, é o mais longo e segue uma antiga estrada romana a que os árabes chamaram algo que foneticamente soava a 'plata' e assim ficou o nome
  • Caminho Primitivo - com saída em Castroverde, estendendo-se por aproximadamente 140 quilómetros.
  • Caminho do Norte - sai de Ribadeo e segue por cerca de 220 quilómetros.
  • Caminho Português, com várias alternativas. A maior parte dos caminhos portugueses entroncam em Valença do Minho, onde se fazia (faz) a travessia da fronteira para Tui e daí estende-se por cerca de 130 quilómetros. Do lado português, os percursos mais frequentados são a partir de Fátima, do Porto ou de Braga. Nos últimos anos, tem ganho relevo o percurso Porto-Rates-Barcelos-Ponte do Lima-Valença como principal caminho português.
  • Caminho Inglês - parte de Ferrol ou da Corunha, estendendo-se por aproximadamente 120 quilómetros. Surgiu a partir dos peregrinos das ilhas britânicas que, devido à Guerra dos Cem Anos, não podiam atravessar a França com segurança e assim viajavam de barco até à Galiza e daí a pé até Compostela
  • Caminho de Finisterra - um prolongamento do caminho Francês para os peregrinos que vinham de longe terem a ideia que tinham chegado ao 'fim da terra' (finis terrae), embora o ponto mais ocidental da Europa seja na verdade o Cabo da Roca, em Portugal.


Biografia

Professor de História da Cultura e das Artes, na E.P.C.I., em Lisboa, António Vaz Gonçalves. Natural de Ninho do Açor, Castelo Branco, começou bem cedo a gostar de viajar. Enquanto estudante, reservava as suas férias para conhecer o mundo. Fez quatro Interails e imensas viagens á boleia pela Europa. Tirou um curso de Jornalismo organizado pelo Joaquim Letria e participou em vários projectos editoriais, como o JJ, Proprofissionais, Publicitarium, e na revista Surf Magazine.
Em 1996 promoveu as Conferências do Milénio convidando várias personalidades do panorama cultural e artístico assim como as Jornadas da Comunicação e Criatividade, iniciadas em 1989.
Há onze anos o seu amigo Paulo Pierre Viana, falou-lhe da sua experiência nos Caminhos de Santiago e é nessa altura que sente a vontade de fazer o Caminho.
Iniciou a peregrinação em Léon, no dia 12 de Agosto de 2010 e chegou a Santiago de Compostela na manhã do dia 28 de Agosto, (caminhou 360Km).


DEDICATÓRIA
Dedico este diário ao Miguel e ao Duarte, que estiveram sempre comigo nas horas boas, mas também nos momentos mais difíceis. À Mariví que sem a sua força, não conseguiria chegar ao fim. À Leonor e Edurne cuja tenacidade de querer, me deram forças para continuar.
Obrigado a todos os amigos que conheci durante o Caminho e que me apoiaram, transmitindo-me a sua força, o seu exemplo e a sua determinação:
Fran e sua família
Sérgio
Stéfanie e seus filhos
Céline Chevallier

Bibliografia
  • M. C. Díaz y Díaz, El Códice Calixtino de la Catedral de Santiago. Estudio Codicológico y de contenido, Santiago de Compostela, (1988). (em castelhano)
  • C. Meredith-Jones, Historia Karoli Marni et Rotholandi ou Chronique du Pseudo-Turpin. Genebra, (1972) (2º ed.) (em francês)
  • E. Temperán Villaverde, La liturgia propia de Santiago en el Códice Calixtino, Santiago de Compostela, 1997 (em castelhano)
  • J. Williams e A Stones, The Codex Calixtinus and The Shrine of St. James, Tübingen, 1992. (em inglês)
Internet

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